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sábado, 31 de julho de 2010

Desnorteio.

Pergunto-me, incansavelmente: onde foi parar minha ingenuidade pueril (aquele misto de desconhecimento cego e inexperiência agradável que me conferia tanta serenidade)? Quem a levou? O tempo?
 
Ah, o tempo! Este intátil e impiedoso que me rouba os anos... quantos ainda será que me reserva?
 
Sento, emudecida, e pondero: que sabor de desnorteio é este que sinto?
 
E a grande estrela do céu, sem questionar, aquece minhas indagações...

sábado, 24 de julho de 2010

Aprender a voar.

Essa viagem me deu asas. E eu estou aprendendo a voar.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Partnership for Peace.

"De onde se planta a paz, da paz quero a raiz".


(...)

Este país, de onde escrevo, em meus últimos dias de férias, ficará para sempre em minha memória como o lugar no qual fui capaz de respirar a verdadeira independência. Sinto que, finalmente, criei raízes dentro de mim.

Em uma permanência pacífica, redescobri um conforto que ficara esquecido em algum lugar pelo sinuoso caminho do autoconhecimento.

Foi mais ou menos assim: olhei ao redor e estava sozinha. Vi-me sentada em uma imensa rocha, no topo de uma montanha, deslumbrando aquele horizonte [de possibilidades?] aparentemente infinito. E a natureza, imponente e tranquila, manifestando-se para mim. Parecíamos cúmplices daquele grande evento que estava se passando dentro de mim.  Éramos as únicas testemunhas: eu, a natureza, meu coração tranquilo e minha mente esvaziada de anseios.

Como era linda aquela paisagem que, de repente, vislumbrei, sozinha, no interior daquele quartinho mal iluminado!

É isso mesmo. Tive essa catarse lá mesmo, sentada em uma cama, pernas cruzadas, olhos, coração e mente abertos, em um quarto desconhecido e silencioso - que muito me dizia.

Sabe o que isso pode significar? Que talvez eu não precisasse ter vindo tão longe para me reencontrar. Não me arrependo de nada. Passei por experiências incríveis! Mas talvez eu apenas devesse ter deixado a solidão manifestar-se, sem nada temer. E, assim, quem sabe, eu tivesse compreendido a importância e a satisfação de estar realmente só. 

Definitivamente, não me amei à primeira vista. Talvez tenha faltado apenas uma segunda olhada para que eu reconhecesse neste patinho, feio e desajeitado, um cisne, elegante e confiante de si. 

Porque foi isso que aconteceu: acabei descobrindo que posso, sim, ser apaixonante. Mas só para quem for capaz de me enxergar com os meus próprios olhos.

E estes, sinto informar, somente a mim foram dados.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Epifania.


Poucas vezes em minha vida tive momentos de absoluta clareza. Como quando, por alguns segundos, o silêncio abafa o ruído e eu posso sentir mais do que pensar. As coisas parecem tão claras. O mundo parece tão renovado. É como se o mundo todo começasse a existir. Não posso prolongar esses momentos. Me apego a eles, mas, como tudo, eles se desvanecem. Minha vida foi vivida nesses momentos. Eles me trouxeram de volta ao presente e percebi que tudo é exatamente como deveria ser”.

George, personagem do filme “A Single Man” (2009).

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Voa, coração!

Considero-me, apesar das crises de identidade, uma pessoa razoável e coerente quase que a maior parte do tempo. Até nos defeitos - porque os carrego sempre comigo. Mas a verdade é que, nas últimas semanas, eu vinha convivendo com uma incoerência de personalidade - logo eu, que tanto condeno a incoerência - que, se por um lado me conferia certo equilíbrio, por outro, me confundia um bocado.

Talvez fossem minhas duas inquilinas manifestando-se desordenadamente, brigando por espaço, em uma sufocante batalha interna entre razão e emoção. Porque eu posso, muitas vezes, ser exata, matemática e científica; mas meu coração fala alto e chora por pouco. E como é imenso! Sem, contudo, ser grande o bastante para carregar, resignado, as limitações que de mim se exteriorizam e as frustrações que sou especialista em colecionar.

Por conta disso, vinha alternando momentos de profunda paz interior e satisfação de ser quem eu sou, com picos momentâneos, mas agudos, de desorientação e questionamentos. Sentia-me tão perto de me reencontrar quanto de me perder por completo. Eram os evidentes altos e baixos de uma pessoa inquieta como eu.

Fato é que meu coração encontrava-se sufocado e dominado por sentimentos tāo frustrantes, que eu já não podia fazer qualquer coisa para acalmá-lo. Instaurava-se um furacão, com a maior facilidade, dentro do meu peito. E eu cometia erros infantis e colocava tudo a perder.

Hoje, aprendi que nāo posso sufocar tais sentimentos e, na maioria das vezes, sequer controlá-los. Mas que posso, sim, lidar racionalmente com eles, em quase todas as situações. Basta, para isso, dar-me o tempo necessário para compreendê-los e, só entāo, tomar qualquer açāo. Simplesmente não agir sem antes pensar; parece fácil, não?

Mais que isso, hoje sei que o caos, que às vezes me acompanha, pode ser útil para desafogar o coração; para eliminar aquilo que o envenena, deixando-o leve. E coração leve é mente livre.

Assim, liberdade e leveza dão espaço à expressão verdadeira da minha essência, que, então, abre-se a possibilidades reais de transformação e crescimento interior.


Esses têm sido os meus dias por aqui, em férias desse dramático mundo hiperbólico de anseios e preocupações que me tragavam para a escuridão.

Como eu disse, são somente férias. É provável que, estando de volta, eu me depare com o caos mal resolvido que deixei para trás quando, entre soluços e lágrimas, vim brincar de ser independente. No entanto, isso já não me preocupa muito. Porque a situação pode ser a mesma, mas eu, definitivamente, não sou.

Só falta, agora, me livrar deste gostinho amargo  - resquício de palavras e gestos nada doces que eu manifestei - que não quer me abandonar.

"Voa, coração, que a minha força te conduz; que o sol de um novo amor, em breve, vai brilhar. Vara a escuridão, vai onde a noite esconde a luz; clareia seu caminho e acende seu olhar. Vai onde a aurora mora e acorda um lindo dia. Colhe a mais bela flor, que alguém já viu nascer. E não se esqueça de trazer força e magia, o sonho, a fantasia e a alegria de viver."

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Liberdade.

"Como um pássaro estarei a voar...
E minha alma a flutuar...
Livre como o pássaro no ar...
Deixo a paz me dominar".

quarta-feira, 14 de julho de 2010

You'll Be In My Heart

[Para a pessoa mais importante da minha vida. Dentro de 10 dias estaremos juntos novamente.]

 

"Come stop your crying, it will be all right. Just take my hand, hold it tight. I will protect you from all around you, I will be here, don't you cry. For one so small, you seem so strong. My arms will hold you, keep you safe and warm. This bond between us can't be broken. I will be here, don't you cry. 'Cause you'll be in my hear, yes, you'll be in my heart, from this day on now and forever more. You'll be in my heart, no matter what they say, you'll be here in my heart, always. Why can't they understand the way we feel? They just don't trust what they can't explain.I know we're different but, deep inside us we're not that different at all. Don't listen to them, 'cause what do they know? We need each other, to have, to hold. They'll see in time, I know. When destiny calls you, you must be strong, I may not be with you, but you've got to hold on. They'll see in time, I know, we'll show them together. 'Cause you'll be in my heart, yes, you'll be in my heart, from this day on, now and forever more. You'll be in my heart, no matter what they say. You'll be here in my heart, always".

terça-feira, 13 de julho de 2010

Diário de viagem.

"And those who were seen dancing were thought to be insane by those who could not hear the music".

Neste espaço momentâneo de liberdade, minha natureza questionadora ausentou-se de mim. Noutros tempos, eu mal conseguia entender o que me agarrava tão fortemente a ela; neste instante, observo-a apenas de longe. E, assim, desvendo um pouco mais da minha essência; sobra mais espaço para estar em consonância comigo mesma.

Nesta solidão, que nada tem a ver com ressentimento de estar sozinha, reconheço apenas a minha existência. Não estou para ninguém, só acessível para mim mesma.

Enquanto, em uma cafeteria, tomo um 'Icespresso', sentada à mesa de uma calçada qualquer, escrevo* nisto, que passei a chamar de ‘diário de viagem’. Trata-se de um caderninho que ganhei, antes de partir, de alguém que achou que eu faria bom uso dele.

Não estou na minha zona de conforto, mas me sinto incrivelmente confortável. Não estou na mesa de sempre do meu café habitual, não aguardo chegar um velho amigo que me fará companhia durante o almoço, sequer tenho comigo meu celular. Somos apenas eu e a alegria de estar desfrutando da minha própria companhia. É um bocado revigorante!

Porque aqui ninguém se preocupa com o que eu sou ou deixo de ser. Neste lugar desconhecido, sou mais uma no compasso anônimo da solidão urbana. E ela bate tão forte quanto o coração que levo no peito, exultante com a não obrigação de roteiro, horários ou destinos. É a mais fascinante das liberdades: a do deslocamento sem compromisso com nada.

Sinto-me como uma pessoa que há muito não se permitia dançar, mas que, hoje, resolveu, sem medo de ser feliz, arriscar alguns passos de dança, aqui mesmo, nesse país que sequer possui uma dança que o caracterize.

E como é bom dançar!


*Esse texto - como muitos dos que tenho postado no blog - foi originalmente escrito à mão, nas páginas de um caderninho que, de fato, me foi dado com esse propósito.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Niagara Falls.

"I got no time to be where I don't need to be".



Hoje saí, sem rumo, para brincar de ser turista independente, nesta cidade aonde há pouco cheguei; saí para brincar de ser eu mesma. E, acreditem, adorei a brincadeira!

As lembranças do meu país, da minha língua materna e das pessoas que eu amo me dão a noção de referência que eu preciso para não me sentir perdida aqui, acima da linha do Equador.

Mas, sentir-me perdida, já não me importa tanto. Como já não me importa o fato de não conseguir manter os cabelos arrumados (culpa da umidade do ar), de ter o pescoço sempre suado pelo calor quase insuportável e os pés inchados de tanto andar.

Pés, estes, que têm me levado por caminhos nos quais nunca me sinto sozinha, apesar de estar. Só o vento me dá a direção. E, por esses caminhos, sigo sem olhar para trás, no pretexto de viver mais um dia de paz e felicidade.

E, assim, aos poucos, mudo a minha forma de ver o mundo. Ou, ao menos, esse pedacinho do mundo. Talvez o mundo, daqui, me veja diferente também. Eu me sinto diferente...

E sorrio à toa!

*O chocolate quente, de que eu tanto gosto, nesse calor, ficou inviável. Minhas paradas em cafeterias, aqui, são regadas a 'Icepresso', 'Frappuccinos' ou 'Peach Lemongrass Iced Tea', que eu adoro e são muito refrescantes.

domingo, 11 de julho de 2010

Eu escrevo para ser feliz.

Como a viagem não me consente muito tempo para blogar (ótimo sinal!), deixo que o grande Ferreira Gullar fale por mim. O assunto é poesia, embora eu acredite que isso valha para toda forma de palavra escrita.

“(...) quando vou escrever (...), a página está em branco, e isso significa que todas as possibilidades estão abertas, são infinitas. No momento em que sorteio uma palavra, reduzo as possibilidades, o acaso é menor. Mas não sei o que vai acontecer.

(...) (Escrever) é cura, não doença. Escrevo para ser feliz, para me libertar do sofrimento, não para sofrer. É a alquimia da dor em alegria estética. Mesmo quando a coisa é doída, amarga, naquele momento a transformo no ouro (que é a escrita) (...). Discordo quando dizem que a arte revela a realidade. Na verdade, a arte inventa a realidade. Afirmam que Shakespeare revelou a complexidade da alma humana; não, ele inventou a complexidade da alma humana. Nós vivemos no mundo da cultura. (...) (Escrever) é uma dessas criações, no terreno da fantasia, que existe porque a vida não basta. Eu escrevo para ser feliz, escrevo porque estou me inventando, para ser melhor do que sou.

Eu sou incoerente, e a minha obra é incoerente.  Não tenho a preocupação da coerência. Se há alguma, está na busca, que muda sempre, porque, enquanto vivo, critico, penso, repenso e invento as coisas que experimentei. Se você quer (escrever) (...), se sente dentro de si essa necessidade, deve se entregar a ela sempre com paixão, pois não se inventa a realidade de graça”.

TRADUZIR-SE

Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.

Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte;
linguagem.

Traduzir-se uma parte
na outra parte
- que é uma questão
de vida ou morte -
será arte?

(Ferreira Gullar)

sábado, 10 de julho de 2010

Quando me amei de verdade.

“Quando me amei de verdade, compreendi que em qualquer circunstância, eu estava no lugar certo, na hora certa, no momento exato. E, então, pude relaxar. Hoje sei que isso tem nome: autoestima.
Quando me amei de verdade, pude perceber que minha angústia e meu sofrimento emocional não passam de um sinal de que estou indo contra minhas verdades. Hoje sei que isso é autenticidade.
Quando me amei de verdade, parei de desejar que a minha vida fosse diferente e comecei a ver que tudo o que acontece contribui para o meu crescimento. Hoje chamo isso de amadurecimento.
Quando me amei de verdade, comecei a perceber como é ofensivo tentar forçar alguma situação ou alguém apenas para realizar aquilo que desejo, mesmo sabendo que não é o momento ou a pessoa não está preparada, inclusive eu mesmo. Hoje sei que o nome disso é respeito.
Quando me amei de verdade comecei a me livrar de tudo que não fosse saudável… Pessoas, tarefas, tudo e qualquer coisa que me pusesse para baixo. De início, minha razão chamou essa atitude de egoísmo. Hoje sei que se chama amor-próprio.
Quando me amei de verdade, deixei de temer o meu tempo livre e desisti de fazer grandes planos, abandonei os projetos megalômanos de futuro. Hoje faço o que acho certo, o que gosto, quando quero e no meu próprio ritmo. Sei que isso é simplicidade.
Quando me amei de verdade, desisti de querer sempre ter razão e, com isso, errei menos vezes. Hoje descobri a humildade.
Quando me amei de verdade, desisti de ficar revivendo o passado e de preocupar com o futuro. Agora, me mantenho no presente, que é onde a vida acontece. Hoje vivo um dia de cada vez. Isso é plenitude.
Quando me amei de verdade, percebi que minha mente pode me atormentar e me decepcionar. Mas quando a coloco a serviço do meu coração, ela se torna uma grande e valiosa aliada. Tudo isso é saber viver!”  
(Charles Chaplin).

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Duas em mim.


Na trivialidade de atitudes mais do que prosaicas, tenho descoberto uma outra pessoa habitando meu interior.

Não é que eu tenha a sensação de estar ‘mudando’ a minha essência. É que sinto, cada vez mais, existirem em mim duas mulheres. O complicado é saber identificar, com segurança, em quais situações uma predomina sobre a outra.

Talvez nem haja tal predomínio. Acho, apenas, que uma delas mudou-se para cá, para dentro de mim, mais recentemente. Pode, todavia, ser que ela sempre tenha estado aqui, mas preferido não se manifestar até então. Talvez tenha aguardado um momento oportuno para se fazer perceber.

Quando essa nova ‘inquilina’ se comunica comigo, é introspectivamente, falando baixinho, ainda meio tímida, preocupada em não causar agitação no meu interior – no que, aliás, difere muito da outra, que é inquieta, insegura e me provoca ansiedade.

Nesse caso, então, somos três: minhas duas habitantes e eu, caminhando de mãos dadas, seguindo a mesma estrada: a do autoconhecimento.

Em alguns momentos, as duas se convergem e se fundem numa só. Mas, felizmente, muitas vezes, experimento a sensação de que, sendo distintas, mesmo que íntimas, elas se compensam. E me presenteiam com o tão almejado equilíbrio.

Porque onde uma falta, a outra comparece. Onde uma grita, a outra cala. Onde uma busca incessantemente, a outra espera pacientemente. Onde uma escurece, a outra ilumina. Onde uma é razão, a outra é emoção. Onde uma se acovarda, a outra se encoraja. Onde uma se inapetece, a outra se alimenta.

E assim me preenchem e me forçam a seguir em frente, nessa busca saudável, mas sem fim, por estabilidade emocional na minha agitada existência. 

Abro-me às duas: à velha conhecida, que me faz tão vulnerável e menina; e à nova, que veio ao nosso encontro, e me faz tão confiante e mulher. Assim, respiro a suficiência de ser três, numa forma exclusivamente minha de reflexão. E me apaixono por isso!

Como é incrível sentir-me sozinha com elas! Somos as três ‘metades’ da mesma pessoa. Parece estranho para você? Para mim tem feito completo sentido.

“It was just another night with the sun set and the moon rise, not so far behind, to give us just enough light to lay down underneath the stars, listen to all the translations of the stories across the sky… we drew our own constellations”.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Assim eu me defino.

"Eu gosto do impossível, tenho medo do provável, dou risada do ridículo e choro porque tenho vontade, mas nem sempre tenho motivo. Tenho um sorriso confiante que às vezes não demonstra o tanto de insegurança por trás dele. Sou inconstante e talvez imprevisível. Não gosto de rotina. Eu amo de verdade aqueles pra quem eu digo isso, e me irrito de forma inexplicável quando não botam fé nas minhas palavras. Nem sempre coloco em prática aquilo que julgo certo. São poucas as pessoas pra quem eu me explico..."

quarta-feira, 7 de julho de 2010

A efemeridade do amor.

- A gente tem uma identificação incrível!
- Concordo plenamente.

(...)

- Eu gosto do verão.
- Ah, eu adoro o inverno!

- Ih, então, vamos terminar?
- Acho melhor.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Aeroportos


Eu sempre gostei MUITO do ‘clima’ de salões de embarque e saguões de aeroportos. Pessoas vivenciando a expectativa de partir ou chegar, reencontrar-se ou despedir-se,  ‘deixar pra trás’ ou ‘ir buscar’, explorar novos horizontes ou voltar para lugares que são velhos conhecidos, cada qual com seu propósito de viagem.

Pode parecer estranho, mas eu ADORO escalas, principalmente quando estou sozinha! Fazer uma pausa no meio do trajeto faz mais gostosa a sensação de ‘chegar lá’, para aonde estou indo, e me dá a chance de vivenciar algumas situações que não vivenciaria se estivesse acompanhada.

Um dos motivos de eu gostar tanto desse ambiente de aeroporto é poder observar o comportamento de pessoas tão diversas, falando idiomas distintos, escancarando suas diferenças culturais, sem a menor preocupação, cada uma à sua maneira.

Mas a melhor parte é poder confundir-me no meio dessas mesmas pessoas, ser apenas mais uma no contexto dinâmico desse vai-e-vem de aeroporto. Passar algumas horas sem que ninguém ao meu redor tenha a menor idéia de quem eu sou é uma experiência revigorante!

Poder caminhar, esticar as pernas, ler, tomar um café, fazer palavras cruzadas, sem me preocupar se alguém está me observando, enquanto sou apenas eu mesma - o que pode parecer nada de especial para os outros, mas que é extremamente enriquecedor para mim. Até ser distraída do que estou fazendo pelas frequentes chamadas de chegadas e partidas parece ter um saborzinho especial.

Mas é, certamente, uma experiência pela qual tenho que passar sozinha para aproveitá-la na plenitude; apenas estando lá, desfrutando da minha agradável companhia.

...

E, como não poderia deixar de ser, também ADORO as cafeterias e livrarias de aeroporto (quem me conhece sabe!)! E, ah, os restaurantes, claro!, onde, aliás, hoje, vou ter a oportunidade de pedir: “Table for one, please!”, sem o menor ressentimento de estar almoçando sozinha. :)


segunda-feira, 5 de julho de 2010

Fragmentos disso que chamamos de "minha vida".

[Pra você, que foi uma doce epifania na minha vida.]


Há alguns dias, Deus — ou isso que chamamos assim, tão descuidadamente, de Deus —, enviou-me certo presente ambíguo: uma possibilidade de amor. Ou disso que chamamos, também com descuido e alguma pressa, de amor. E você sabe a que me refiro.

Antes que pudesse me assustar e, depois do susto, hesitar entre ir ou não ir, querer ou não querer — eu já estava lá dentro. E estar dentro daquilo era bom. (...) Na verdade, não aconteceu quase nada. Dois ou três almoços, uns silêncios. Fragmentos disso que chamamos, com aquele mesmo descuido, de "minha vida". Outros fragmentos, daquela "outra vida". De repente cruzadas ali, por puro mistério, sobre as toalhas brancas e os copos de vinho ou água, entre casquinhas de pão (...). 

Por trás do que acontecia, eu redescobria magias sem susto algum. E de repente me sentia protegido, você sabe como: a vida toda, esses pedacinhos desconexos, se armavam de outro jeito, fazendo sentido. Nada de mal me aconteceria, tinha certeza, enquanto estivesse dentro do campo magnético daquela outra pessoa. Os olhos da outra pessoa me olhavam e me reconheciam como outra pessoa, e suavemente faziam perguntas, investigavam terrenos: ah você não come açúcar, ah você não bebe uísque, ah você é do signo de Libra. Traçando esboços, os dois. Tateando traços difusos, vagas promessas.

Nunca mais sair do centro daquele espaço para as duras ruas anônimas. Nunca mais sair daquele colo quente que é ter uma face para outra pessoa que também tem uma face para você, no meio da tralha desimportante e sem rosto de cada dia atravancando o coração. Mas no quarto, quinto dia, um trecho obsessivo do conto de Clarice Lispector "Tentação" na cabeça estonteada de encanto: "Mas ambos estavam comprometidos. Ele, com sua natureza aprisionada. Ela, com sua infância impossível". Cito de memória, não sei se correto. Fala no encontro de uma menina ruiva, sentada num degrau às três da tarde, com um cão basset também ruivo, que passa acorrentado. Ele pára. Os dois se olham. Cintilam, prometidos. A dona o puxa. Ele se vai. E nada acontece.

(...) A não ser que soprasse tanto vento que velejasse por si. Não velejou. Além disso, sem perceber, eu estava dentro da aprendizagem solitária do não-pedir. Só compreendi dias depois, quando um amigo me falou — descuidado, também — em pequenas epifanias. Miudinhas, quase pífias revelações de Deus feito jóias encravadas no dia-a-dia.

Era isso — aquela outra vida, inesperadamente misturada à minha, olhando a minha opaca vida com os mesmos olhos atentos com que eu a olhava: uma pequena epifania. Em seguida vieram o tempo, a distância, a poeira soprando. Mas eu trouxe de lá a memória de qualquer coisa macia que tem me alimentado nestes dias seguintes de ausência e fome. Sobretudo à noite, aos domingos. (...)

Atrás das janelas, retomo esse momento de mel e sangue que Deus colocou tão rápido, e com tanta delicadeza, frente aos meus olhos há tanto tempo incapazes de ver: uma possibilidade de amor. Curvo a cabeça, agradecido. E se estendo a mão, no meio da poeira de dentro de mim, posso tocar também em outra coisa. Essa pequena epifania. Com corpo e face. Que reponho devagar, traço a traço, quando estou só e tenho medo. Sorrio, então. E quase paro de sentir fome.

Texto de Caio Fernando Abreu (Publicado no jornal "O Estado de S. Paulo", 22/04/1986)

Feel free to hate me!


Eu faço 32 anos mês que vem e tenho que encarar a triste realidade de que tudo aquilo que eu queria ‘ser quando crescer’ não se concretizou – e está longe de se concretizar. Mea culpa, mea maxima culpa, eu sei. Mas tem sido difícil aceitar que não estou vivendo nada daquilo que gostaria de estar depois dos trinta. Tenho a sensação de que todos os meus amigos estão se encontrando ou já se encontraram; e que a minha vez nunca chega. Isso cansa, chateia, desanima!

Não posso mais fazer besteiras achando que ainda tenho todo o tempo do mundo para me encontrar, porque isso simplesmente não é mais verdade. Tampouco posso ser moderada e comedida, porque cada oportunidade que se apresenta vem com um rótulo de ‘possível última chance’.

Fazer planos, quem me conhece sabe, é quase uma piada na minha vida; eles nunca se concretizam. Parece que tudo que fui até hoje, fui pela metade: meio filha, meio mãe, meio amiga, meio namorada, meio amante, meio mulher, meio estudante, meio profissional.

Muita gente diz que me acha interessante, que reconhece meus atributos. Contudo, tem sempre um ‘mas’ que me faz inadequada para tudo: para aquela vaga de emprego, para aquela relação amorosa, para aquela amizade verdadeira, e por aí vai.

Se eu não posso mais ser irresponsável, mas as responsabilidades que me são possíveis assumir não me realizam, o que me resta, então? Se eu amo incondicionalmente, mas ninguém é capaz de me amar assim, qual o propósito?

Sabe? Cansei... feel free to hate me from now on! And maybe I'll hate you too!

Brincadeira divertida essa!

Aquilo que eu costumo apelidar de ‘minha’ vida decidiu divertir-se às custas da frágil estabilidade emocional que tento manter e transformou-se em um divertidíssimo jogo de TETRIS!
 
Peças estranhas despencam pesadamente sobre a minha cabeça, vindas não sei de onde, a uma velocidade cada vez maior, deixando lacunas impossíveis de serem preenchidas nas linhas da minha existência.
 
Me empenho quase que obstinadamente na tentativa de eliminá-las, mas cada aparente ‘acerto’ leva a um ritmo ainda mais acelerado de queda, o que acaba por deixar tudo fora de controle e cada vez mais lacunas com as quais tenho que conviver. A brincadeira fica insustentável e eu sei, antecipadamente, que o caos é meramente uma questão de tempo.  Qual a graça dessa brincadeira?
 
O game over é inevitável. Não fui eu que fiz as regras.  E eu sequer queria jogar.


domingo, 4 de julho de 2010

Amor incondicional.

Amar não é aceitar tudo. Onde tudo é aceito, presumo que há falta de amor.” 
(Vladimir Maiakovski)


Já questionei muito a existência do amor incondicional. Duvidava dela com todas as minhas forças interiores. Até que, há poucas semanas, foi-me emprestada uma definição tão simples e tão apropriada para esse sentimento, que descobri que eu mesma sou, sim, capaz de amar incondicionalmente. E que até já amei; só não tinha me dado conta.

Amei incondicionalmente meu pai; amo incondicionalmente meu filho e alguns poucos amigos. Já amei incondicionalmente duas pessoas com quem vivenciei uma relação homem-mulher. E amei, mais incondicionalmente ainda, as efêmeras possibilidades de amor que nunca se concretizaram.

A definição que eu gosto, e que me esclareceu muita coisa acerca desse sentimento, é do físico e psicólogo Peter Russell, em Acordando em Tempo, onde o autor trata, com peculiar sensibilidade e simplicidade, das inquietações mais comuns da humanidade, por meio de uma visão que integra a natureza evolutiva da civilização à busca incessante pela harmonia e pela paz interior.

Amor incondicional não é a aprovação incondicional das ações de alguém, sem considerar seus efeitos sobre os outros. É amor incondicional ao ser que está por trás das ações. (O amor incondicional) não depende do modo que uma pessoa pensa, sente ou se comporta. Não faz uma pausa para avaliar se o outro é ou não digno de afeição”. (Russell, 2006).

Definição tão simples e tão verdadeira! Porque amar incondicionalmente é isso: é não ficar aprisionado em palavras, gestos ou eventos conjunturais; é amar com desinteresse, compaixão, inclusão, perdão, tolerância, compreensão e desapego; é amar sem posse; é perdoar com sabedoria, justiça – e até gratidão – as dores causadas pelas desilusões habitadas no cotidiano; é compreender que tudo isso é diminuto quando comparado à grandeza da alma de quem se ama.

É por isso que, muitas vezes, temos que deixar partirem aqueles que amamos incondicionalmente. Porque “o verdadeiro amor liberta, deixa ir e continua a querer bem”.

Aliás – perdoe-me, Russell –, mas a melhor definição de amor incondicional de que eu já tomei conhecimento, veio de uma criança de 3 anos, quando, tão inteligentemente, esclareceu à mãe: “I love you, but I don’t like you ALL the time”. E a mãe, mais inteligentemente ainda, agradeceu esse amor.

Pare para pensar quanta verdade existe nessas declarações. Amar incondicionalmente, para mim, é isso. É amar além; é amar apesar de. Sem necessariamente aprovar ou ser correspondido.

sábado, 3 de julho de 2010

Futebol para mulheres.















Eu, que não sou frequentadora lá muito assídua de salões de beleza – minhas unhas das mãos quase sempre ‘por fazer’ facilmente me denunciam –, passei a manhã inteira deste sábado vivenciando as ‘mulherices’ típicas de um salão de cabeleireiro, justamente durante o jogo Alemanha x Argentina. Foi uma experiência única na minha vida!
 
É curioso observar como, em época de Copa do Mundo, o universo feminino insere-se no contexto futebolístico com a maior naturalidade. Mesma naturalidade, aliás, com que o abandona ao final do campeonato.
 
Por mais que a presença de mulheres nas arquibancadas, nos campos, nas coberturas esportivas e na arbitragem seja mais comum hoje do que há poucos anos, o futebol ainda é um espaço fundamentalmente masculino.    
 
Eu, para quem não sabe, sou ‘ex’ de preparador físico, e, portanto, vivi imersa no mundo da bola, vivenciando o esporte no dia a dia, dos bastidores aos gramados. Aprecio o futebol, sem ‘muito orgulho’ nem ‘muito amor’ por algum time em especial (‘código de família’ ou ‘piada interna’: nós torcíamos para quem pagava o salário). Não tenho um time do coração, mas me interesso muito pelo assunto.
 
Na faculdade, escolhi o futebol como tema para um trabalho de Sociologia; na gaveta, guardo uma coleção de artigos sobre o assunto; na estante, tenho um livro ou outro relacionado ao mais brasileiro dos esportes; no computador, muitos PDFs, documentários e alguns curtas-metragens.
 
Além disso, sem titubear, troco o cinema de domingo à tarde por um ingresso de arquibancada.
 
O que presenciei hoje, durante a partida que mandou o Pibe de volta para casa, era a deixa que eu precisava para falar sobre o assunto.
 
O cenário era bastante peculiar: aquela mulherada, de toda idade, super à vontade, descalça, com alumínios nos cabelos, assoprando as unhas recém-pintadas ou levando violentas escovadas na cabeça ao som de secadores quase tão barulhentos quanto as insuportáveis vuvuzelas.
 
Todas, com olhos atentos voltados para a televisão, torciam entusiasticamente – contra a Argentina, claro! –, interpretavam os lances da partida – sem medo de falar bobagem (e como falavam!) –, contestavam a arbitragem, vibravam com as enfiadas de bola na área argentina, lamentavam as chances de gol desperdiçadas pela seleção alemã e gritavam comentários hilários quando o ataque sul-americano chegava com perigo.
 
Elas não sabiam quem era Messi, Romero, Higuaín, Otamendi (pelo menos, até o lateral levar cartão amarelo) ou Di Maria – algumas se lembravam de Carlitos Tevez - ; mas sabiam, muito bem, que queriam Maradona fora da Copa. De quatro, melhor ainda! Cada gol sofrido pela seleção argentina era comemorado como se triunfo brasileiro fosse.
 
Foram algumas horas de bastante diversão! Para elas, que se regozijaram com a humilhante derrota por 4 a 0 da seleção de nuestros hermanos; e para mim, que as observava vibrarem sem nenhum compromisso com coerência futebolística.
 
Hoje, é verdade, dedico muito menos do meu tempo acompanhando campeonatos de futebol, por aqui e pelo mundo afora, e tenho muito menos arcabouço pra discutir o assunto com os torcedores fanáticos.
 
Mas ainda gosto do imprevisível e dramático espetáculo que se desenvolve durante uma partida. Adoro sentir a arquibancada tremer sob meus pés, durante o entusiasmo coletivo e coreográfico da torcida! E nunca vou me esquecer da sensação de olhar o Maracanã pela primeira vez – foi mais ou menos como ver o Big Ben. :)
 
Por isso, mulheres, amantes ou não amantes da bola, com o Brasil desclassificado e a Copa chegando ao fim, lembrem-se: o futebol não precisa ser um inimigo da relação com seus namorados/noivos/maridos. 

Se não estiverem dispostas, como eu estive, a acompanhar Brasileirão (não pense que é só Série A, não), Paulista, Copa do Brasil, Sul-americana, Libertadores, Champions League, Campeonato Espanhol, Italiano, Inglês, Copa Africana de Nações e até Paulista Sub-15 e Sub-17, saibam que, até 2014, há tempo de sobra para se aprender um pouco mais sobre o esporte bretão.
 
Futebol é pra todo mundo. A FIFA tem mais integrantes do que a ONU.


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E um simples toque de mãos fez demonstrar que tudo – ou quase tudo – estava em ordem novamente, como eles pretendiam. A diplomacia deu lugar à intimidade. Não à velha e confortável intimidade com a qual estavam acostumados a lidar, mas a uma nova, com a qual terão de aprender a conviver. Só os olhos já não bastam mais para dizer verdades. Hoje são necessárias palavras. Nem tudo é mais como era.

E foi assim que, com uma boa dose de civilidade, do pequeno caos fez-se a calmaria.

E ela viaja em paz.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Aceitas um desafio?

Tenho meus atrativos, é verdade. Mas não sou nada fácil. Pergunta àqueles que me deixaram de amar. São os que melhor me conhecem.

Levo o desassossego dentro do peito, a ansiedade no âmago, a indecisão estampada na testa e a insegurança na essência. Meu exterior pode parecer sereno, mas meu interior é um tsunami. Minhas atitudes confiantes nem sempre demonstram o tanto de dúvida que vai dentro de mim.

Minha alma é livre; não se deixa aprisionar. Quanto mais lhe exigem, menos se sente disposta a doar. É generosa, mas não suporta cobranças e quase nunca está disponível para o ciúme.

Meu coração é instável; desinteressa-se à toa. Hoje, quer desesperadamente; amanhã, não pode nem ouvir falar. Muda conforme a lua. Mas, quando ama, ama incondicionalmente – o que, fique claro, nada tem a ver com aprovar incondicionalmente. Não se contenta com pouco; necessita daquilo que lhe rouba algumas batidas.

Meu ritmo mental é alucinante e minha sede de conhecimento, poucos acompanham. Sou uma palavra que não cala, uma alma que nunca se sacia. Sou tão profunda, que muitos se afogam em mim.

Interesso-me por tantas coisas, que fica difícil manter um foco e me dedicar a elas o suficiente para que eu me sinta plenamente realizada. E a cada ciclo, acrescento novas coisas à lista de paixões, interesses, hobbies e projetos inacabados. E enquanto o universo de possibilidades se amplia, eu sigo sem dar conta de tudo.

Chego a ser pesada!  Estou sempre buscando respostas e entendimentos. Às vezes, gostaria de não ser tão complexa. Invejo a simplicidade; ela permite desfrutar melhor do trivial.

Cultivo o vício quase insano de ler e a necessidade basal de escrever – me ajuda a organizar os pensamentos. Por isso, venero o silêncio e a solidão. Às vezes, afasto de mim quem tenta se aproximar.

Adoro sorrir! Mas, de tempos em tempos, preciso muito chorar. Perco o sono ao menor sinal de angústia e enfrento a insônia como uma criança com medo do “bicho papão” embaixo da cama. Quem me entende desse jeito?

Queres saber? Proponho-te um desafio: Tentes gostar de mim, assim, do jeito que eu sou.

Já adianto: muitos falharam.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

A arte de fazer as malas.

Alguém conhece um ritual infalível para arrumação de malas? Eu nunca sei por onde começar.

Viajar é muito bom, mas fazer malas é chato demais! Principalmente para viagens longas. E ser parcimonioso na seleção do que carregar na bagagem pode contribuir para o sucesso ou o fracasso do passeio. Nós bem que tentamos não levar coisas demais nem coisas de menos. Mas quem acerta sempre?

Cheguei à conclusão de que arrumar as malas é uma arte! A arte traiçoeira de fazer previsões.

Arrumá-las exige antecipar grande parte da viagem, o que pode ser um tanto complicado se, como eu, você está indo para uma viagem relativamente longa, sem praticamente nenhum planejamento ou roteiro definido.  Acertar no que levar, nesses casos, é quase uma loteria. Sem falar no pouco dinheiro (não dá pra ficar comprando pelo caminho o que nos esquecemos de levar; tampouco podemos nos dar ao luxo de pagar por excesso de bagagem nos embarques). 

A vantagem é que vou viajar sozinha e ninguém vai reparar se eu usar 4 dias seguidos a mesma bermudinha jeans! Talvez a recepcionista de algum albergue... Ou as fotos me denunciem depois. :) Felizmente, tenho jogo de cintura e não me apego a muitas “mulherices”, o que, certamente, coopera para a redução do peso da minha bagagem.

Acomodar nossos pertences dentro daquele espaço, sem amassar ou quebrar nada, é outra arte. Exige tempo, paciência, organização e muita noção espacial. E é cansativo! Isso, sem falar na chatice de ter que fazer e refazer mala a cada 2 ou 3 dias, se for o caso de termos vários destinos.

Parto dentro de 4 dias para uma viagem de 3 semanas. Estou-me preparando psicologicamente para começar a fazer a mala. Tenho uma lista (faço lista pra tudo, lembra?), improvisada às pressas, que precisa ser revista. Vai ser o ponto de partida, mas ainda não sei exatamente o que vou levar e o que vou deixar.

Contudo, dessa vez, decidi ser econômica: troquei a mala grande por uma pequena e vou tratar de viajar só com o estritamente necessário. Faz parte de uma proposta interior de não deixar que excessos de qualquer tipo me impeçam de vivenciar aquilo a que me proponho. É outro desafio. 

Nesse contexto, é que tampouco pretendo, durante a viagem, sustentar nos ombros o peso excessivo de (des)utensílios como medo, ansiedade, desânimo, apego, tristeza, insegurança e afins. Esses, faço questão de não levar.

Não vou carregar nenhum excesso de carga sentimental nas próximas 3 semanas. Garanto pra você!

Vou lá fazer a mala - uma só, assim mesmo, no singular - e já volto.